ARQUIVOS DA DITADURA




A apostila da repressão nos anos de chumbo



Uma das ações mais importantes do governo brasileiro no período da ditadura militar foi a criação de uma estrutura de defesa do regime. A principal era o chamado Sistema de Segurança Interna (o Sissegin), composto por vários órgãos das Forças Armadas e pelo próprio governo. Seu funcionamento está detalhado em uma apostila com mais de cinquenta páginas redigidas no Centro de Informações do Exército (CIE) no começo de 1974.





As anotações de Geisel sobre marxismo



Durante a Guerra Fria, o comunismo era tido por uma parcela significativa da elite política e militar brasileira como a maior ameaça internacional ao Brasil. Não à toa, nos anos 1950 o então coronel Ernesto Geisel, para entender melhor a visão dos “inimigos”,  decidiu ler um clássico da literatura soviética: Materialismo Dialético, um manual sobre o marxismo que inspirava o regime comunista.
O estudo de Geisel ficou registrado nas 26 folhas de papel em que ele resume as ideias centrais das mais de 200 páginas do volume. Um bilhete de Heitor Ferreira, seu secretário na Presidência, brinca com o nível de detalhe de suas anotações: “Depois vem aquele sujeito e diz que o senhor não era “metódico”.




Ameaças à família de Golbery




A pressão sob a qual viviam alguns membros do regime militar era considerável e podia chegar ao nível da intimidação e das ameaças. Era o caso de Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil de Ernesto Geisel, e sua mulher, Esmeralda. Os incidentes estão registrados em quatro folhas datilografadas em que se relatam telefonemas suspeitos feitos para a casa do ministro em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Golbery não costumava guardar seus papéis e quase sempre os repassava a Heitor Ferreira, secretário do presidente. Esse maço de folhas, no entanto, permaneceu em sua posse até pouco antes de sua morte, em 1987.






A receita de Samuel Huntington



Em 1973, chegou ao Palácio do Planalto um estudo feito pelo professor americano Samuel Huntington, intitulado Approaches to political decompression (“Abordagens para descompressão política”), que delineava as opções para a liberalização política do regime instalado no Brasil em 1964. Com dezesseis páginas, o documento comparava a política brasileira à de outros regimes autoritários, especialmente o mexicano, para propor medidas de distensão controladas pelo governo.

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